O velho Assad faleceu no ano 2000 e deixou de herança ao seu filho Bashar o governo da república que era tudo menos livre. Dominada por militares, amiga dos sovietes de Moscovo, tinha tudo para se tornar numa ditadura à moda antiga. Depois da morte de Haffez Al Assad houve uma série de tentativas para afastar o seu filho do poder, mas sem grande resultado, eu diria que ele foi ajudado a permanecer no poder por quem beneficiaria com essa situação.
A Primavera Árabe e depois o Estado Islâmico vieram pôr em causa tudo o que o seu pai lhe deixara em herança e para se defender iniciou uma guerra civil que terminou ontem com a sua fuga para Moscovo. Os muçulmanos daquela parte do mundo dividem-se em dois grandes grupos, os sunitas e xiitas, cada um procurando a supremacia sobre o outro.
Ora o nosso herói Bashar não é uma coisa nem outra, é alauita, uma minoria que sempre foi considerada inferior, mas a quem os franceses, como colonizadores, durante o século XX, deram muito gás para se protegerem da influência crescente dos xiitas do Iraque e Irão.
Eu sou todo a favor do Curdistão, um país que deveria nascer como pátria de todos os curdos que hoje se espalham por vários países, a começar pela Turquia e acabar no Iraque. Esta situação na Síria poderia ser a espoleta para definir o princípio desse novo país. Nem a Turquia nem o Iraque verão com bons olhos essa situação, mas seria um princípio e depois a diplomacia que fizesse o resto. Num país livre, o recurso ao referendo para que o povo decida como quer viver, é a última solução em democracia. Se os curdos que vivem na Turquia não querem ser turcos que lhe seja dada a liberdade de ser inseridos noutro país.
Tirando os curdos desta equação o resto da Síria devia ser dividida entre os seus vizinhos, entre os quais Israel. Um bom pedaço para o Iraque e outro para a Turquia, a nordeste o Curdistão e do lado poente, Líbano, Israel e a Jordânia ficariam com uma fatia cada. Isto sou eu a divagar, claro, mas não vai ser fácil manter a paz naquele país, porque os revoltosos de agora tem mais a ver com o Estado Islâmico que outra coisa qualquer. E essa entidade fatídica que surgiu, há cerca de 20 anos, ninguém quer de volta.
Putin e a Rússia vão tentar manter a sua influência naquela zona do mundo, o mesmo que os Estados Unidos para defender os seus grandes interesses, a começar pelo mercado petrolífero, onde vão buscar uma grande parte dos seus proventos, com a Turquia a dar tudo por tudo para não ser deixada de fora da repartição do bolo.
Os muitos milhões de refugiados que se espalham pelos países vizinhos vão tentar regressar a casa e podem influenciar a mudança que se espera. Vai ser necessário recorrer a eleições para eleger um presidente, mas nas repúblicas islâmicas já sabemos como são as coisas, as mulheres não votam e os religiosos é que decidem quem governa, assim à moda dos aiatolas do Irão.
Que Deus ou Alá valham a esta gente!!!
Ainda nao perdi a esperanca de um dia conhecer Palmyra mas de momento nem pensar.
ResponderEliminarQuem percebe do que acontece pelo mundo e o sabe explicar, fala/escreve assim...quem não sabe, lê, espanta-se e interroga-se como irá acabar toda esta embrulhada!
ResponderEliminarBoa semana!