Vou deixar para trás a ruiva que vos tinha prometido e vou apresentar-vos a Rosa!
A Rosa era uma moreninha jeitosa, 3 dias mais velha que eu. E menciono este pormenor da idade só para vos mostrar que ela sabia "muito" mais que eu, embora nunca tenha andado na Marinha que é uma grande escola.
Ela é minha prima em segundo grau.
Conheci-a quando tínhamos 10 anos, mais ou menos. Depois disso só a vi uma vez, na última semana de Março de 1965, morava ela no Porto, bem perto do Jardim de S. Lázaro, durante uma semana de férias a que tive direito, após 30 meses de comissão, em Moçambique.
Depois desse encontro, ficámos a trocar umas cartas, tipo namorados à distância, flutuando num mundo onde tudo era cor de rosa. Todas as cartas acabavam com muitos beijinhos (virtuais) e a promessa de, em breve, os tornar mais quentes e físicos.
Só que ... "o homem põe e Deus dispõe" e antes que terminasse esse ano de 1965, esta praça já estava de novo em Moçambique e, considerando o futuro imediato que tinha pela frente, onde nem sequer o regresso com vida estava garantido, decidi acabar com aquela relação epistolográfica. Já tinha deixado para trás outras miúdas com promessas de amor eterno, era apenas mais uma.
Ainda mal tinha assente os pés naquele rincão da lusa pátria, quando recebo uma carta da minha prima, a mãe da Rosa, a chamar-me de tudo menos bom rapaz. Que tinha abandonado a sua filha e que ela com o desgosto dera o passo errado e me atribuía as culpas. Percebi logo qual foi o passo errado que a Rosa dera, mas chutei para canto e nunca mais pensei nisso.
Voltei de Moçambique, abandonei a Marinha e casei-me com a primeira das minhas prometidas. Já depois de casado, fui ao Porto visitar a minha tia, avó da Rosa, a qual morava porta com porta com a dita prima que, de repente entrou pela porta dentro e deu de caras comigo. Se calhar tinha sabido por terceiros que eu estava lá e foi só para provocar.
Eu não lhe dirigi a palavra, ela fez outro tanto e pouco depois saiu porta fora. E os anos foram decorrendo até que um dia fizemos um almoço de primos, em que ela não esteve presente, mas aproveitamos para criar um grupo no Facebook, onde deveríamos colocar todas as fotografias de família, antigas e modernas, e fabricar uma lista de todos os primos, mais de 50, com as datas de aniversário para que todos pudessem dar os parabéns a todos e cada um no dia apropriado.
E foi aí que eu soube quantos filhos a Rosa tivera (4 rapazes e 1 rapariga) e ao ver a data de nascimento do filho mais velho arregalei os olhos, mês de Novembro de 1965, ou seja, descontando-lhe os 9 meses de gravidez, já ela estava grávida quando a encontrei, em Março desse ano. Querendo isso dizer que dava os beijos ao pai do seu filho mais velho e mandava-me uma cópia deles nas cartas que me ia escrevendo e que duraram até ao mês de Setembro, data em que o filho já dava fortes pontapés na barriga da mãe.
E a mãe da Rosa a vociferar comigo, enquanto via a barriga da sua filha crescer! Mein Lieber Gott, que mundo este!!!
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