sábado, 20 de julho de 2024

O Turismo!

 Ontem, ouvi alguém dizer que os nossos dirigentes escolheram viver do Turismo e venderam as zonas mais ajustadas à prática desse negócio a quem vive dessa indústria. Isto quer dizer que as zonas turísticas passaram a viver em função de quem as visita e não de quem lá vive. É assim nas grandes cidades e em quase todo o litoral, em especial o Algarve.

A primeira grande diferença nota-se no preço dos alojamentos e justifica a grande subida do preço das casas que ronda os 100% num curto prazo de cerca de meia dúzia de anos. Em 1996, comprei uma casa, em Oeiras (Santo Amaro), por 13 mil contos (65.000€), com 3 assoalhadas. Foi a residência da minha filha professora que, ao fim desse tempo, regressou ao norte e com isso provocou a venda da casa que já não tinha qualquer serventia.

Acredito que essa mesma casa deve valer, hoje, mais de 200 mil euros. Bem, valer não vale, mas é o que o mercado aceita como preço de equilíbrio entre a oferta e a procura. Mal para os portugueses que cá vivem e se têm que reger por normas que se aplicam aos turistas. És turista, tens dinheiro, paga o que te pedem ou vai procurar noutro lado.

Os nossos governantes nunca tiveram grande habilidade para encontrar soluções para o país. Desde a segunda Grande Guerra viveram das indústrias de mão-de-obra barata, mas com a viragem do século e as grandes mudanças nas regras do comércio internacional, essa mamadeira acabou e era preciso mudar de rumo. Ainda por cima com a nossa entrada no Euro ficámos inseridos num mercado global que se rege por regras que não estão no nosso poder alterar.

A adesão ao Turismo surgiu como uma ideia salvadora, não requeria grandes investimentos e era só recolher os lucros. Nessa altura, ninguém se questionou a respeito da influência que isso teria na população que é obrigada a conviver com o turismo, mas que não vive dele. Os preços começaram a subir, de forma geral, mas especialmente, no parque habitacional que ficou direcionado para os turistas e obrigou os locais a pagar os mesmos preços ou mudar-se para longe dessas zonas, onde os turistas param.

O aumento do tráfego e a poluição são outras dores de cabeça para quem cá vive, mas não adianta chorar, já que foi esse o caminho escolhido e vai ser difícil encontrar alternativas que nos garantam o pão-nosso-de-cada-dia. As costas portuguesas e todas as zonas à volta do Mediterrâneo, fazem parte da zona turística, onde os europeus gostam de passar férias.

Para não ficarem sujeitos aos males provocados por esta situação, os portugueses só têm uma solução, emigrar para o interior e obrigarem os políticos a investir ali os ganhos do Turismo que os obrigou a sair das suas zonas de conforto, criando novos negócios na área da agricultura, indústria e comércio que lhes permitam ali viver.

Se assim não for, só resta aquele caminho que o Passos Coelho aconselhou, quando era Primeiro Ministro, emigrar!


1 comentário:

  1. Subscrevo e hoje quem não tem habitação própria vive em constante sobressalto tal como eu. Compreendo os senhorios mas como inquilina de décadas até agora não tenho razão de queixa porque respeito as suas regras e ele respeitam as minhas e mantenho a casa tal como a me empretaram.
    Culpo muito a governação da "Cristas" e é triste ver o despejo de velhos sobretudo nas grandes cidades só para turistas e Lisboa está um horror.
    Beijos e um bom domingo!

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