quinta-feira, 13 de abril de 2017

Nem sempre é fácil...!

... escolher uma tema de conversa que interesse a quem nos lê.
Ontem, à noite, nos canais de notícias falava-se de economia. Numa noite de futebol de nível europeu, com o Bayern, o Mónaco, o Atlético e o Real Madrid em acção, eu esperaria uma noite com todos eles a dissecar cada jogada, cada resultado, os golos de Ronaldo, ou coisas semelhantes que prendem os aficionados ao pequeno ecran. Puro engano, às 23.00 horas estava tudo virado para a economia.
E eu que já vomito futebol e comentadores por todos os poros, agradeci e deixei-me ficar. A grande questão era, como sempre, a banca, com o Novo Banco, o Santander e a Caixa a ocupar os primeiros lugares, os seus prejuízos e como se espera que ultrapassem o problema. A questão do risco assumido pelo governo com a venda do Novo Banco, os SWAP's da Maria Luís e os outros resgatados ao Santander para evitar males maiores, o dinheiro que a Caixa precisa para pôr as contas em ordem, enfim, um nunca mais acabar de prejuízos que seremos nós, os contribuintes, a pagar. Sim, porque não se adivinha nenhum voluntário que o queira fazer por nós.
Fala-se em perdas de 50 mil milhões de euros que os bancos registaram desde 2008. E o dinheiro, para onde foi? Pergunto isto, porque ele muda de mãos, mas continua a existir em qualquer lado. Custa-me a acreditar que ninguém lhe consiga seguir o rasto.
Desde 2008 perdeu de moda, mas antes disso era uma correria para os bancos a pedir dinheiro emprestado a qualquer preço. Os juros eram altos? Queriam lá eles saber disso, o negócio dava para tudo. Primeiro foram os empreiteiros de obras mal feitas. Qualquer pedreiro, aliado a um engenheiro e um advogado montavam uma firma para comprar terrenos e construir apartamentos que eram vendidos com ganhos astronómicos e com a maior facilidade.
Os bancos patrocinavam, claro, quantos mais clientes melhor. Toda esta gentalha tinha mulheres e amantes que era preciso sustentar e a quem garantir um futuro e uma reforma que as livrasse da indigência. E começaram a surgir as fabriquetas de confecções que nasciam como cogumelos por todo o lado. Toda esta gente ganhou muito dinheiro, nos últimos 20 anos do Século XX, mas depois o negócio foi-se. Os bancos ficaram a arder e herdaram montes de propriedades e problemas sem solução.
O empreiteiro e os seus sócios tinham gasto o dinheiro em bons carros, casas com piscina e oferecido uns belos carrinhos citadinos às suas amantes. Mas, na hora de fazer as contas nada disso apareceu na lista dos activos a recuperar. Esfumou-se como neblina em dia de vento.

O carro do empreiteiro

O carro do engenheiro

O carro da amante

O sítio onde estão a gozar o dinheiro dos parvos

Tenho quase a certeza que cada um de vós conheceu e soube da existência destas personagens, pois elas espalhavam-se por todo o território nacional. Prédios de apartamentos, em qualquer fim de mundo, condomínios de luxo onde era suposto haver apenas natureza, paz e sossego, vivendas em cima das dunas, à beira-mar. Desde Bragança até ao Algarve, passando pelos lugares mais improváveis do interior, havia disso em todo o lado.
Os bancos habituaram-se a alimentar esse sorvedouro de dinheiro de tal modo que, quando lhe faltavam os clientes iam à procura deles. Principalmente, no período em que o negócio começou a andar para trás, era vê-los em grandes campanhas de angariação de clientes e a oferecer condições mais vantajosas a qualquer um que aceitasse a oferta. Ainda houve uns quantos espertos que se aproveitaram disso. Com dinheiro fácil, abriam empresas, tentavam qualquer negócio e, se não dava, faliam e desapareciam deixando as dívidas para os outros.
É nessa situação que vivemos hoje. Muitas falências ainda entupindo os tribunais de todas as comarcas, muitas perdas já contabilizadas e muitas outras à espera de coragem para o fazer. É esse o cancro do Novo Banco (Ex-BES), do Montepio, do BCP ou da Caixa Geral de Depósitos. Quem pensa que os administradores destes bancos estão preocupados que se desengane. Eles estipulam o ordenado que querem ganhar e, no fim de cada mês, transferem-no para as suas contas, quer haja lucro ou prejuízo.
Tudo isso é uma mera questão de números numa folha de papel a que o Zé Povinho não tem acesso!

4 comentários:

  1. Este teu tema de conversa de hoje, vem mesmo a propósito do que diz um dos responsáveis, de ter-mos que pagar o que não pedimos e a altos juros! Faz uma viagem e junta-te à "Caminhada do Oeste", e ficas a saber quem é o maior caloteiro deste país.

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  2. É isso mesmo ... . O futebol, graças aos seus intervenientes directos, bem como outros colaboradores e comentadores, há muito que começou a perder credibilidade e a desencantar gente honesta, uma vez que entrou em degradação acentuada e, como é óbvio, perda de sócios e de adeptos ; apesar disso, continua a permitir contratos megalómanos e vencimentos inadmissíveis, acrescidos de outras chulices injustificáveis e sem fim à vista ! Efectivamente, vai correndo impulsionado por paixões muito discutíveis/desmedidas e, ainda, por fanatismos e interesses duvidosos, acoitando gente de baixíssimo carácter e de honestidade desconhecida . Sim, visto que, especulações, calúnias, chantagens, violências verbais e físicas, fuga aos impostos, frequentes atrasos nos pagamentos para a Segurança Social, branqueamento de capitais e sei lá mais o quê, tudo se tem constatado e tornado o pão de cada dia, pelo que não se pode enquadrar na esfera de pessoas dignas de honestidade ; mas, o que é certo, é que muitos destes vão passando impunes e a continuar a fazer das suas ... ! No que respeita aos bancos/banqueiros e certos responsáveis bancários, perdeu-se totalmente o decoro e instaurou-se a irresponsabilidade sem limite que, beneficiados pelo poder político e judicial, que temos, assim têm andado alegremente no jogo do empurra e a escapar pelas malhas desta justiça indecente ! O pior disto tudo, é que o dinheiro desaparece como se de produto inflamável se tratasse e, assim, desconhecido o seu paradeiro, vamos continuando a ver a banda a passar e a pagar a conta, como se fosse possível alguém acreditar que as notas/moedas são colocadas no lixo ; quando se sabe, sem qualquer dúvida, que apenas servem para subornar ou adquirir aquilo que é de outrem e, por isso mesmo, somente mudam de mãos, razão porque têm de estar acauteladas em algum lugar ! Acerca dos investidores, aqueles que também têm mamado na mesma teta, não podiam fugir à regra e, por tal facto, uns mais do que outros, entraram no oportunismo que se sabe e que lhes foi permitido/consentido, o que levou a que fizessem parte da festa e que esbanjassem aquilo que não era deles, incluindo extravagâncias a seu belo prazer e indiferentes a princípios decentes a observar ! Esta malta, é toda idêntica, apenas se diferenciam na actividade especifica que desenvolvem, mas com um sentido comum ... . Um abraço .

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  3. A Queda do Império Romano começou assim... bom, mais ou menos.

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  4. Se todos aqueles que pediram dinheiro à banca para comprar a sua própria habitação para viver, tivessem feito como eu fiz. Não havia o tal crédito mal parado de que tanto se fala. Em vez de ter comprado um apartamento de quatro assoadas, podia ter comprado uma vivenda com um bruto quintal e piscina. A Caixa Geral de Depósitos na altura emprestava-me o dobro do dinheiro que eu pedi. No entanto eu pensei que tinha de o pagar, cujo o ordenado talvez não o suportasse. Embora não goste de habitar onde habito. Mas, as circunstância da vida a isso me obrigam. Em vez de ter um carrinho podia ter um carrão, podia ir passear para o Haiti, para o Havai. Etc, etc. Não tenho nada disso, mas tenho uma casa para morar, está paga, tenho um carrinho, não devo nada ninguém. Já paguei a primeira prestação do IMI, para os políticos, gastarem à vontade porque não lhes custa a ganhar. Muita gente sem posses não se contentou em comprar apenas o indispensável para viver, condignamente, num modesto apartamento. Optou pelo luxo, sem pensar no futuro. Resultado muitos tiveram que entregar as casas ao banco visto não terem dinheiro para pagar as prestações quando se venciam. Isso acontece a quem os seus olhos comem mais do que a barriga!

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