terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

O peso da idade!

 Dos 150 homens (marinheiros) que comigo partilharam uma comissão de serviço, em Moçambique, que durou 30 meses, metade já se foram. Alguns levados pela idade - eram mais velhos que eu entre 10 e 15 anos - outros levados por doenças graves que os atingiram na terceira fase das suas vidas. Houve também uns poucos que morreram muito jovens levados por doenças "macacas".

Os meus últimos 10 anos não foram fáceis, mas consegui resistir e continuar nesta prova de fundo que é a nossa vida. Como me têm previsto e desejado que ultrapasse os 90, fico aqui a imaginar que tipo de vida terei direito a viver. Boa não será, mas que, pelo menos, seja assim-assim para valer a pena. Fui artilhado com vários extras para ajudar o coração a continuar a manter o ritmo e os olhos a verem alguma coisa. E uma farmácia amiga onde não faltam remédios - que são como os aditivos no gasóleo - para manter o organismo a funcionar.

O uso de muitas drogas sintéticas tem as suas contrariedades. No meu caso particular os rins e o fígado estão a atingir os seu limites. A Metformina, medicamento nº 1 dos diabéticos, já me foi retirada, há quase 2 anos, para evitar que o fígado colapsasse. Mais vale arriscar morrer da doença que da cura, disse a minha médica de família. Estou a chegar do sítio das colheitas de sangue, onde fui deixar um pouco desse precioso líquido, para testar o estado desses 2 órgãos sem os quais é impossível viver.

Eu quero chegar aos 100, dizia um desses ainda sobreviventes camaradas de comissão. No mês passado foi internado com uns alarmantes 20 valores de PSA, muito acima dos 6,5 considerados normais para indivíduos acima dos 80 anos. A próstata dos homens é um órgão que se encarrega de regular a população masculina por esse mundo fora. Depois de internado, este meu camarada, deixei de receber notícias dele, mas espero que, embora desiludido, continue vivo por mais algum tempo.

Deixei de fumar aos 44 anos de idade, depois de perto de 30 anos a conviver com o vício, e espero que isso me garanta uma boa respiração para manter o sangue, convenientemente, oxigenado. O coração e os pulmões, depois dos rins e do fígado, são os órgãos mais importantes para nos garantir a qualidade de vida. Não quero acabar como aquele meu vizinho que andou 3 anos com uma garrafa de oxigénio a tiracolo para continuar a viver. Mas não chegou à idade que eu tenho hoje.

O meu mal são as articulações dos pés e joelhos. Estão a fazer de mim um paralítico, de tal maneira me doem e impedem de andar. Desde o último Outubro que passo as 24 horas do dia na sala de estar, ora sentado ora deitado, sem ver a luz do dia. Bem, houve uma meia dúzia de excepções, em que os filhos ou os netos carregaram comigo até um restaurante para comemorar qualquer coisa (e pagar a conta).

Viver assim não tem muita piada, mas quando penso naqueles que estão pior que eu, sou obrigado a dar graças a Deus. Tenho um irmão que também foi fuzileiro e passou pela guerra, em Moçambique e na Guiné, mais novo que eu 6,5 anos e foi atacado por uma doença derivada do Parkinson. Só consegue mexer as pernas à custa dos muitos comprimidos que engole de 3 em 3 horas. Um dia tomo-os todos de uma vez e acaba o martírio, já me disse uma vez.

Há um ditado popular que afirma que : - elas não matam mas moem! Elas suponho que se referem às doenças que nos vão aparecendo ao longo da vida. Mas também pode referir-se aos vícios ou acidentes de percurso que nos vão acompanhando pela vida fora!

Uma das coisas piores para quem sofre das articulações, como é o meu caso, é o excesso de peso. Aos 25 anos, eu pesava 90 kilos. A vida de casado e a particularidade de trabalhar sentado foram elevando o peso até chegar aos 120, por volta dos 60 anos de vida. No ano de 2019, antes da Covid, iniciei um programa dietético e consegui voltar para trás, até aos 95 kilos. Depois chegou a Covid, a dificuldade de movimentação motivou o fim desse programa. Tenho andado numa luta endiabrada para não chegar aos 100, mas na época natalícia passada isso aconteceu.

Agora quero voltar para baixo dos 100, nem que seja um grama, mas ... tenho um inimigo em casa, a minha mulher é uma boa cozinheira, e estou preocupado com o tempo que me está a levar a chegar aos 99. Faltam 19 dias para o meu aniversário e tenho que o conseguir antes, senão o meu jantar de aniversário será um filete de peixe com duas folhas de alface!

Se são meus amigos, desejem-me sucesso!

  

2 comentários:

  1. Com tantos problemas de uma coisa tenho a certeza: um texto destes so podia ter saido de uma mente saudavel. Quanto ao David Silva que provavelmente nao se deve lembrar do 1766/68 lamento saber que sofre de Parkinson. Ha uns atraz durante uma paragem entre Paris-Lisboa tive quase a re-encontra-lo num cafe frequentado por motoristas professionais - em Espanha.

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    1. Do ramo feminino da minha família há uma maldita herança d Alzheimer, depois dos 80 anos. Infelizmente o meu irmão caiu para o lado da Parkinson, doença de que não há qualquer registo na família.

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