domingo, 8 de setembro de 2024

Recordações!

 

Hoje, acordei a pensar na minha mãe e no esforço que ela fez para me tornar e manter cristão, desde os primeiros anos da minha vida. Se ela soubesse como eu odiava sair da cama muito antes de o sol nascer e ir para a igreja a cabecear de sono ...!

Logo que ultrapassei os 18 anos de idade e comecei a guiar-me (bem ou mal) pela minha cabeça, abandonei por completo essa questão da religião que ensombra a vida de muito boa gente. Veja-se quantas guerras sagradas nos conta a História e o que se passa em países como o Azerbeijão, onde ninguém é dono da sua vida por causa do malfadado profeta Maomé.

O pároco da minha freguesia também era "radical" e aproveitava todas as oportunidades para nos moer a paciência. Todos os meses há uma primeira sexta, primeiro sábado e primeiro domingo, mas nas aldeias do distrito de Braga, a cidade dos arcebispos e mãe de todas as paróquias de Portugal, pela simples razão de todos os padres seculares terem lá estudado, a coisa é levada ao exagero e há confesso e comunhão obrigatória para todos os maiores de 7 anos de idade, nesse período de cada mês.

Eu nem 7 anos tinha feito ainda, quando fui empurrado para a "Primeira Comunhão". A partir daí é como se tivéssemos assumido um compromisso para a vida. Mal vinha a quinta-feira, antes da Primeira Sexta, lá estava o padre, sentado no confessionário, á espera que lhe fôssemos contar todos os pecadinhos que os grandes pecados, os da carne, só viriam muitos anos depois. E no dia seguinte, toca para a igreja e em jejum, pois não se podia comer, antes da comunhão.

Sofri muito com isso, mas não posso culpar a minha mãe, pois alguém lhe inculcou essas idiotices na cabeça, não nasceram lá por obra e graça do Divino Espírito Santo. Ela já fez as contas com o S. Pedro e se tinha algo a pagar, já o deve ter feito e com juros.

Eu continuo por cá e a embirrar com os padres, cada vez mais, pois não aprovo (nem um poucochinho) o modo como eles vivem e se comportam. A sua vocação, quando decidem começar a estudar para padres, é apenas no sentido de garantir uma profissão menos dura e mais bem remunerada que a da maioria dos mortais. Hoje, talvez não seja bem assim, mas nos velhos tempos do mundo rural minhoto, era-o com toda a certeza!

Coitada da minha mãezinha, espero que Deus a tenha num bom lugar, se é que há isso na outra vida! 

2 comentários:

  1. Um trajecto religioso igual a tantas outros nessa época. Era assim no Estado Novo e na minha opinião pena que não continue. Legalizar meio milhão e impedir um Referendum sobre a Imigração é carte-blanche para que as nossas Igrejas e as nossas tradições - sigam o mesmo misterioso destino que as francesas. Só quem está fora e volta ao país que nasceu pode observar com clareza o que se passa. Os residentes - esses coitados - continuam em banho Maria.

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  2. Olha que me revi neste teu desabafo e digo-te mais: fui catequista e nunca ensinei pelo que era ditado. Ex: não tocar na hóstia com os dentes, pois dizia sempre mastiguem:))). Quantas vezes fui chamada ao Bispo de Luanda e dava-lhe sempre a volta Há anos que não vou à missa porque é enfadonha demais e dá-me muito sono mas acredito no que acredito e sou muito positiva ao que eu chamo a minha fé. Muito mais teria a dizer, mas fico aqui com um soriso no rosto!
    Beijos e um bom domingo

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