Migrações!

 Portugal já foi um país de emigrantes, aqueles que saiam de Portugal à procura de melhor vida do que a que se vivia no nosso país. Foi assim nos anos 60 do século passado, tanto pela miséria em que se vivia como pelo início da guerra em África que levou muitos jovens a fugir à obrigação de lutar numa guerra que não consideravam sua. Uns por medo de ficar estropiados ou, pior ainda, de ficar por lá enterrado em qualquer canto, outros por convicções políticas que não aceitavam nada vindo do Salazar. De 1960 até 1975 saíram de Portugal muitos milhares de pessoas espalhando-se pela Europa, pela América e até pela Ásia. Eu próprio fiz parte dessa imensa mole humana que foi procurar lá fora o que aqui não encontrava.

Hoje, são mais os imigrantes, aqueles que procuram em Portugal aquilo que lhes falta nos seus países. A começar pelos brasileiros que vêm para cá por causa da língua, continuando com os negros dos nossos antigos territórios ultramarinos, todos eles acham que aqui se vive mais facilmente que nos seus países. Muitos procuram trabalho, mas também há quem venha à procura de boa vida e ver se consegue viver sem trabalhar.

O caso dos emigrantes timorenses que, esta semana encheu os écrans dos nossos televisores é apenas mais um caso no meio de muitos que não chegam às notícias. Enganados por traficantes sem escrúpulos eles embarcam na aventura, pensando que talvez a relação histórica de Portugal com Timor lhe dê alguma primazia, tal como acontece com os brasileiros). Mas alguns nem português falam, não sentem qualquer inclinação a abandonar a sua Língua local e mudar para uma que não lhes diz nada. Lá sabem eles quem era Camões!

Especialmente, no Alentejo, onde se começou a fazer agricultura intensiva, mas também no Algarve, por causa do turismo, precisamos de muitos imigrantes para fazer o trabalho já que os portugueses são cada vez menos e com menos vontade de trabalhar. O problema começa no governo que não quer saber de impor regras, continua com os pais que querem ver os seus filhos doutores e acaba nos filhos que ficando na escola até aos 20 anos nunca aprenderam a "vergar a mola". Depois dos 20 é difícil aprender a trabalhar. Os que conseguem um canudo e um emprego estão safos, os outros terão um futuro pouco risonho.

Há ainda o problema dos casais que não querem ter filhos, seja pela dificuldade em os criar e educar ou por que não vêem qualquer prespectiva de vida e futuro para eles. Assim, Portugal acabou sendo um país de velhos reformados que vê os poucos jovens que nasceram abandonar também o nosso país procurando fugir da miséria em que aqui se vive. Portugal só é um paraíso mesmo para imigrantes do terceiro mundo que, além de tudo o mais que lhes faz falta, nem água têm para beber. Aqui, isso eles ainda encontram, mas não sei por quanto tempo !!!