sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Turismo gastronómico!

Como já referi, na publicação de ontem à noite, o jantar de ontem foi especial e de família. E quando se come bem e todo o mundo está bem disposto, até parece que vivemos noutro país, um país onde não há políticos gananciosos nem ordenados mínimos ou reformas que para pouco mais chegam que pagar os remédios na farmácia. E depois de uma boa "comezaina" é normal combinar outra para muito breve, de modo a manter o clima de felicidade que nos inunda o corpo.
Pois, foi isso mesmo que fizemos, combinamos que antes que acabe o mês de Agosto e o tempo de férias (sim, porque nem toda a gente é reformada como eu) vamos atacar uma das especialidades da cozinha portuguesa, o cabrito assado.


Se Oleiros não ficasse tão longe, seria o «cabrito estonado» a minha escolha, assim vou contentar-me com uma viagenzinha até às serranias do Alto Minho, talvez o Gerês ou Ponte de Lima, onde são fortes a cozinhar este petisco. Estonado ou esfolado, tenho a certeza que vai escorregar pela goela abaixo e se ele se mostrar teimoso, empurra-se com uma caneca de tinto daquele que pinta as tripas de vermelho pelo lado de dentro.
Dizem que o «cabrito estonado» é um petisco do outro mundo e eu acredito. O modo como é preparado e cozinhado dá para perceber isso. Para quem não sabe, estonar um cabrito é chamuscá-lo para queimar o pelo e depois raspar a pele até ela ficar lisa e branquinha como a de um homem depois de acabar de se barbear. O calor, ao incidir sobre a pele, faz ferver as gorduras no seu interior e recoze a carne até ela ficar um autêntico veludo. Vejam o que se diz na net sobre esta especialidade gastronómica:

  • A primeira referência surge num livro de culinária do Al-andaluz medieval, que fala de um borrego estonado com óleo;
  • Em 1624, o missionário Oleirense, António de Andrade, o primeiro ocidental a escalar os Himalaias e a chegar ao Tibete, nos relatos da sua expedição e abordando os costumes daquelas gentes, realça o facto de não esfolarem os carneiros e cabras que comem, mas antes comerem-nas com a pele chamuscada, tal como em Oleiros.
  • Já no séc. XIX, Alexandre Dumas descreve, deliciado, a experiência de comer um borrego preparado à moda do deserto, na Tunísia, também assado com a pele.

Que acham? Está aprovada a minha escolha para a próxima romaria ao Alto Minho? Isto faz-me lembrar uma cantiga que o povo costuma cantar quando está satisfeito e bem disposto:
- O que se leva desta vida, é o que se come e o que se bebe, ai, ai!

9 comentários:

  1. Bom apetite... que comida como a nossa não se encontra em lado nenhum.

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  2. bom dia
    bom proveito amigo que apetite parece que não lhe falta.
    JAFR

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  3. É um prato que eu aprecio, Quando ando por Trás-os-Montes, ou Alentejo não falha! Mas cabrito esfolado e assado no forno a lenha, esse «estonado» nunca ouvi falar e tenho uma dúvida: Esse Oleiros que falas são perto de Santa Maria da Feira, ou aqueles perto de Fátima?

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    1. Este Oleiros pertence ao Distrito de Santarém e fica na encosta sul da serra D'Aire, já perto de Rio Maior.

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  4. FUI PESQUISAR E ENCONTREI A RECEITA!

    Ingredientes: um cabrito, banha, colorau, dentes de alho, pimenta preta, presunto, sal, vinho branco.

    O cabrito deve ser cabritinho, até mês e meio. Morto o cabrito estona-se, isto é: mete-se o cabrito pouco a pouco em água a ferver e tira-se-lhe o pelo à medida que vai sendo escaldado. Tem de se ter cuidado para não se ofender a pele. Depois de estar estonado, retiram-se as tripas e as vísceras ao cabrito. Lava-se muito bem lavado, ficando a escorrer de um dia para o outro. Pelo o outro dia barra-se o cabrito com pasta feita com o alho, pimenta, sal e vinho branco. Migam-se os miúdos do cabrito, junta-se o presunto também bem migado, a salsa e o louro. Estes bocadinhos fazem um recheio ao qual se junta a um pouco da pasta que o barrou e mete-se na barriga do cabrito, sendo a abertura cozida com agulha e linha. Assim fica três ou quatro horas. Barra-se o cabrito com a banha e coloca-se nos paus de loureiro que estão na assadeira de barro a fazer de grade. De vez em quando rega-se com vinho, e quando estiver tostado de um lado, vira-se para assar do outro.

    Receita obtida junto da Sra. D. Maria do Carmo – Álvaro.

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    1. Cozinhá-lo eu não sei, mas comê-lo não tenho qualquer dificuldade. Venha ele!!!

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  5. Só pensam encher a "mula". Vão mas é trabalhar seus preguiçosos? Deixem os cabritos em paz. Mamem nas tetas da cabritinha. Comer e beber que rica vidinha. Cabrito estonado, deve ser uma delícia. Como o não tenho me contento com uma fatia de pão e duas rodelas de linguiça! Comam enquanto têm e podem dar ao dente. O que podem comer hoje, não deixem para amanhã. E não se preocupem, porque o trabalho, corruptos e ladrões nunca acabam...()!

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  6. boas
    Sr. Antonio eu não me importava nada que fosse em Oleiros de Santa Maria da feira pois era mais fácil eu chegar perto desse manjar
    JAFR

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  7. Ora vamos lá por um ponto de ordem na geografia.
    Oleiros é um concelho situado entre Sertã e Papilhosa da Serra e todos os anos faz o festival do cabrito estonado que é muito bom. A última vez que comi tal petisco foi quando fui até Figueiredo à procura do filho da escola Elias, emigrado no Brasil.
    Um abraço.

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