sábado, 16 de setembro de 2017

As «Festas da Moita»!


Corria o ano de 1965. Com o Curso do 1º Grau praticamente terminado e o nome dado para voltar para Moçambique, entretinha-me a namorar uma miúda do Barreiro. Nada de sério, era mesmo namorar para passar o tempo e ver o que o futuro me reservava. Não quero com isto dizer que não pudesse ter ficado com ela, pois que era boa miúda e engraçava com ela, mas a Guerra Colonial punha limites em qualquer plano que quiséssemos fazer para o futuro. Fui para Moçambique e voltei, quase três anos depois, e nunca mais a vi.


No fim de semana em que decorriam as «Festas da Moita» - tal como acontece neste fim de semana - o pai da miúda veio ter comigo e disse-me que gostaria muito de ir com a mulher assistir às festas e ficar lá de sábado para domingo, mas tinha receio de deixar as filhas sozinhas. A mais velha não o preocupava, pois ela, praticamente, já vivia com o namorado, mas a mais nova que tinha apenas 17 anos, era uma dor de cabeça e não queria que nada de mal lhe acontecesse. A minha resposta não podia ser outra:


- Vá descansado, homem de Deus! No regresso encontrará a sua filha tal e qual como a deixou.
A minha resposta era cheia de malandrice, pois alguns dias antes ela me confessara um grande segredo. Como via que as coisas entre nós tinham avançado bastante e, do seu ponto de vista, pareciam estar a tornar-se sérias, quis contar-me que já não era virgem.
Entre muita lágrimas contou como foi levada pela irmã mais velha a um encontro com dois amigos, com uma história bem engendrada que o amigo do seu namorado estava apaixonado por ela e não via a hora de lhe poder dar um beijo. A irmã mais velha toda enrolada com o seu par, não se cansava de incitar a mais nova que apertada entre os braços do seu pretendente não encontrava energias para lhe escapar.
Tinha apenas 16 anos e nenhuma experiência e entre beijos e amassos, um atrás do outro, acabou por cair na rede do malandro. Pelo canto do olho, a irmã ia seguindo o desenrolar da cena e no fim (do caldo entornado), a título de consolação, só lhe dizia:
- Fica sossegadinha, mana, que eu não conto nada ao pai nem à mãe.


Para mim que nunca fui às festas à Moita, aquele fim de semana foi de rebimbómalho. Dois dias e uma noite sem dar descanso à folia é coisa que não dá para esquecer.
E já lá vão 52 anos!

4 comentários:

  1. Coisas que aconteceram. Coisas que continuam acontecendo. Poupo a pouco vais descobrindo a tua careca. A moça já tinha a entra desimpedida, te evitou o trabalho de a desimpedires. A cabrona da irmã devia ser como aquelas que só se sentem bem com ele entalado? Gozaste bem a vida, e o resto são cantigas!

    Na feita de Moita carrasco,
    por lá muito te divertistes
    a moça já não tinha cabaço
    só as cuecas lhe despistes!

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  2. Tadinha da inocente! Saiu das garras dum vampiro e foi cair nas garras dum abutre! Foram uns malandros, eu era respeitador.

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  3. As coisas que as festas da Moita lhe lembram!.
    E que homem sábio! Manda o lobo guardar a ovelha!
    Abraço e bom fim de semana

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  4. Li duas vezes (2) com medo de perder algum detalhe... Boa história. (Valdemar Alves)

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