segunda-feira, 24 de junho de 2024

Cada um é como é!

 Enquanto muitos russos sonham como seria a sua vida sem o Putin, em França estão quase a mandar o Macron bugiar. Num e noutro caso não sei se as pessoas seriam felizes depois da mudança, o que eu sei é que nós, os portugueses, nos damos bem com qualquer um. Ainda há pouco se teciam elogios ao Costa e aos cofres cheios que ele deixou aos herdeiros e já todos seguem o Montenegro, como se ele fosse o salvador da pátria.

Dêem-nos festa, bailarico, sardinhas e vinho e somos o povo mais feliz em toda a superfície deste planeta que é o segundo do sistema solar e se chama Terra. Escrito com maiúscula, pois com minúscula é outra coisa, embora também muito importante, pois nela se semeia e dela se colhe tudo o que comemos. Nos concelhos em que reina o santo de nome João, hoje, não se trabalha, é preciso recuperar da festa que durou toda a noite e dos excessos que muitos cometeram. Uns queixam-se dos calos, outros dos calotes e muitos mais do fígado que não suporta muito bem os excessos comidos e bebidos.

Aqui na minha terra que é de pescadores é o S. Pedro que reina. Dizem que ele é quem lhes enche as redes de peixe e deixam na caixa das esmolas a prova do seu reconhecimento. No tempo presente, cada bairro tem a sua rusga (que em Lisboa se chama marcha), mas nos velhos tempos havia apenas 3 rusgas, sendo duas de pescadores, os do norte contra os do sul, e depois uma dos que nada tinham a ver com a pesca, mas gostavam do S. Pedro tanto como todos os outros.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição é quem reina no meu bairro e não entramos nas guerras de pescadores do norte e do sul que se chamam os piores nomes que constam do dicionário da Língua popular, uns aos outros. E não raras vezes acabam por passar das palavras aos actos e fazem a festa ainda mais animada. Quem assiste gosta disso e até parece que ajuda a uma festa mais bem sucedida. Ora ganha o norte e aos do sul ninguém os cala, de língua são os maiores. Acredito que na sua benevolência o santo lhes perdoa esses pecadilhos.

Eu reúno a família cá em casa, ofereço-lhes os comes e bebes e, quando eles partem para a folia que dura toda a noite, eu meto-me no vale dos lençóis e faço ouvidos moucos à música que se ouve um pouco por todo o lado. Para mim esta festa é uma canseira, mas não dura mais de 3 horas, acaba quando os outros dão o sinal de partida para a farra que durará até ao nascer do sol.

Mas, hoje, é dia do S. João, o santo que baptisou Jesus, no rio Jordão, e é a ele que devem festejar, como fazem os do Porto, de Braga e de Vila do Conde que moram mesmo aqui ao meu lado, pois a fronteira entre a Póvoa e Vila do Conde fica a 500 metros da minha casa. Ouço os foguetes que atiram ao ar e os balões que tentam fazer voar, além da música que sai dos altifalantes em altos berros!

1 comentário:

  1. Gostei de ler. Por aqui ontem foi festa de Santo André, o irmão de Simão Pedro, e tal como ele também Pescador. Teve música, comes e bebes e também a procissão pelas ruas. Eu acompanhei a procissão, não fui à festas mas de minha casa ouvia a música.
    Abraço e saúde

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