domingo, 16 de julho de 2023

A malvada bitola ibérica!

 

Há dias, um jornalista questionou o nosso Primeiro Ministro sobre os grandes investimentos que estão a ser preparados na área da ferrovia e que a UE insiste que sejam feitos na bitola europeia. Ele encolheu os ombros e disse: - Isso é só desaparafusar e voltar a aparafusar uns quantos parafusos, nada de especial!

Muito enganado deve andar o Kosta para pôr as coisas nestes termos. Nem a Linha do Norte, por onde circula o Alfa Pendular (que liga Braga a Faro, uma espécie de Nacional 2 da ferrovia) se consegue mudar, quanto mais toda a rede ferroviária portuguesa. Aquando da pergunta o nosso PM estava de visita ao troço que vai ligar Sines a Espanha e daí até França e o resto da Europa e que está em fase de finalização, feito (todinho) na velha bitola ibérica.

Sendo uma linha com troços totalmente novos, aconselharia o bom senso que tivesse sido planeada na nova bitola europeia para iniciar a mudança que a União nos quer (e bem) impor. A Espanha já vai a caminho dos 50 mil milhões de euros investidos na ferrovia e com grandes ajudas de Bruxelas, na alta velocidade e na mudança de bitola. Tem que ser assim para não ficarmos desligados da Europa.

Eu sou do tempo em que era preciso mudar de comboio, ao chegar a Irum. Toda a gente saía para o cais da estação e embarcava no comboio francês que estava na linha ao lado para seguir viagem. Na altura, eu não percebi porque era preciso fazer aquilo, pensava que talvez fosse por razões políticas. Não podemos esquecer que na Espanha mandava o caudilho Franco e em Portugal o todo poderoso Salazar, mas dos Pirinéus para cima a reinava a democracia. Só agora percebo que era por causa da largura da via que era mais estreita em França que em Espanha e Portugal.

A última vez que fiz o percurso Paris - Pampilhosa, com a eterna mudança de comboio em Hendaya-Irum, foi em 1971, quando regressei da Alemanha. Ao fim de 52 anos soa-me estranho as coisas continuarem na mesma e o nosso PM que insiste em enterrar a cabeça na areia, em vez de mandar o Galamba mudar  as coisas, de acordo com as ordens de Bruxelas que depois lhe vão pedir contas do dinheiro do PRR que foi aprovado, precisamente, para fazer essas mudanças.

Estas coisas tiram-me do sério! Toda a gente sabe que temos que mudar, se não queremos ficar separados do resto da Europa. O tempo do "orgulhosamente sós" acabou em 25 de Abril de 1974. A UE é um mundo à parte, com moeda própria e a mesma bitola nas linhas férreas. Qual foi a parte que não compreendeste, oh socialista teimoso? Manda o Galamba mudar já a Linha de Sines-Évora-Madrid, para começar por algum lado, e depois construir o novo troço Braga-Vigo, da Linha de Alta Velocidade. Isto para depois enfrentar o prato de resistência que vai ser ligar Braga a Faro, com um entroncamento com a Linha de Sines, ali para os lados de Grândola.

O milagre do Entroncamento foi o Salazar criar essa famosa estação, no cruzamento das linhas do Norte e Beira Baixa, o que deu muito jeito para o transbordo de tropas entre Porto-Entroncamento-Tancos-Santa Margarida, ou a mesma coisa a partir de Lisboa, no tempo quente da mobilização para a Guerra Colonial. Eu poderia jurar que 2 em cada 3 soldados portugueses passaram pelo Entroncamento, antes de rumar a África.

Para essa nova estação, em que se vão cruzar os comboios de alta velocidade, já na bitola UIC, eu proponho o nome de ENTRONCAMENTO-O-NOVO!!!

Mãos à obra, Galamba, chega de conversa e comissões de inquérito!

2 comentários:

  1. Como quem fala aqui sabe o que diz
    vou dizer como ele sempre quis:
    Siga a Marinha!!
    Que é, como é óbvio, o mesmo que dizer.
    Siga o comboio sobre os carris.
    Seguro, rápido, eficiente e... com atendimento diligente!

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    1. É isso! E viva o Benfica que ganhou aos suíços do Basileia!

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