O Montenegro (negra sorte ter um nome como este) apareceu-me, ontem, na televisão a dizer que, tal como prometeu, vai melhorar a vida dos portugueses. Falou de uma redução no IRS que vai de uns míseros 54€, para quem ganha o SMN (salário mínimo nacional), até uns chorudos 300€ para quem ganha 5.000€ mensais.
Eu estava a ouvi-lo, mas com a cabeça noutro assunto qualquer, olhando para o meu tablet onde uma miúda brasileira fazia umas acrobacias inenarráveis para mostrar o físico que Deus lhe deu, e pensei que se referia a uma redução mensal. Fiquei "pasmo" quando ele disse que era em termos anuais que falava. Algum pobre desgraçado lhe vai agradecer os 4.50€ de redução mensal, ou o bem sucedido da classe média os 55€ que nem sente no seu salário mensal? Não, ninguém vai sentir nada e eles, os políticos a quem nada falta e ainda se deixam corromper para levar mais uns trocos, ficam a rir-se de quem neles votou.
Para que não fiquem dúvidas quanto às minhas críticas, eu não votei nele. E se teve uma maioria maior nas últimas eleições não foi culpa minha. Os dois impostos que ele deveria reduzir - e alguém vai ter que dizer-lho na cara - são o IVA e o IMI que penalizam toda a gente e que os seus antecessores foram aumentando, porque precisavam de aumentar as receitas para terem mais liberdade e poder beneficiar os amigos do partido que os iam mantendo no poder, uma vez atrás da outra. Uma espécie de Socialismo à portuguesa inventado pelo Marocas.
Antes da «Era Marocas» o IVA chamava-se IT e nunca passou de 7%, agora é só consultar a tabela abaixo e não esquecer que há ainda o escalão dos 40% (não consegui confirmar esta taxa) para os produtos ditos de luxo.
E é para quem gosta, continuem a votar nos Socialismo e depois não se queixem. O IVA (imposto sobre o valor acrescentado) foi inventado para eliminar os intermediários e proteger a relação produtor/consumidor, mas não passa de uma desculpa para penalizar todo o mundo. Sendo assim a venda do produto pelo seu produtor devia ser isenta desse imposto e só deveria incidir sobre quem o revendesse para fazer lucro.
O outro imposto que fez com que os orçamentos das autarquias subissem na ordem dos 300% é o IMI. Um autêntico roubo a quem tantos sacrifícios fez para ter a sua casinha e agora paga couro e cabelo como se continuasse a ter um senhoria. Antigamente ainda havia a prerrogativa de uma isenção na primeira habitação, agora nicles, pagas e não bufas.
Cabe na cabeça de alguém que se tenha que pagar perto de mil euros por um T3 de 100 m/2? Pois é o que qualquer jovem paga, hoje, após um curto período de isenção e um longo período de prestações ao banco que financiou o negócio. Uma dor de cabeça que dura a vida inteira e pode até passar para os herdeiros se o beneficiário do crédito morrer antes de tempo.
Era nestes dois impostos que eu gostaria de ver o nosso Primeiro Ministro concentrar-se. Iva 0% no cabaz de produtos de primeira necessidade e 6% na maioria dos produtos e serviços que não caibam na categoria de luxo. Pagar 23% sobre o custo de uma chamada telefónica parece-me uma coisa impensável. Quem teria sido o primeiro a aplicar esse tipo de imposto?
Nem me quero debruçar sobre o que se passa nas Câmaras Municipais, onde o preço dos serviços prestados ao cidadão anda pelas ruas da amargura. Além de receberem uma grossa fatia do IMI, depois de terem vendido uma caríssima licença de obras para construção das casas ou prédios de apartamentos, exploram ainda os desgraçados munícipes com pesadas taxas sobre a recolha do lixo e saneamento, calculadas pelo valor da água consumida.
E para finalizar o meu rol de queixas, há ainda o preço da água cobrada aos infelizes que nem um furo no quintal podem fazer para fugir à ditadura dos preços praticados. As autarquias venderam-se aos prestadores de serviço e agora são obrigadas a "depenar" os seus governados para encher a pança aos glutões, como a Indáqua do concelho aqui ao lado!