sexta-feira, 16 de maio de 2025

As últimas!

 As muitas horas de televisão a que assisto devido à minha imobilidade forçada, fazem-me ver e pensar em coisas que de outro modo nunca me passariam pela cabeça. O almirante das vacinas anunciou, finalmente, que vai anunciar (?) a sua candidatura no dia 29 deste mês e só depois disso o poderemos considerar um verdadeiro candidato ao mais alto cargo da nação.

Lembro-me de o Marocas Soares afirmar que Portugal é um país laico e civil, pelo que o presidente da república deveria ser sempre um civil e nunca um militar. Claro que ele estava a fazer-se ao cargo do general Eanes e não poderia dizer outra coisa. Eu, por outro lado, acho que o presidente da república, desempenhando também o cargo de Comandante Supremo das Forças Armadas, deveria ser sempre um militar, como aconteceu sempre, ou quase, no tempo da II República.

O mui conhecido «Ganda Noia» apareceu logo a comentar a notícia, com os jornalistas de tudo que é canal de TV a perguntar-lhe o que achava da decisão do almirante. Que raio é que ele haveria de achar? É mais um obstáculo no seu caminho que já é demasiado estreito. Ao vê-lo na televisão, com aquela cabeçorra de anão desproporcionado, pensei (cá para comigo mesmo) que ele ficaria muito melhor fora desta corrida de que sairá todo chamuscado.

Não escondo, não posso nem quero, que o almirante é o meu candidato favorito e, considerando os seus opositores, até agora conhecidos, prevejo que ganhe a corrida com perto de 80% dos votos expressos. A única coisa que o prejudicou fortemente foi aquele caso do NRP Mondego, cujas penas disciplinares foram agora consideradas nulas por um tribunal superior. Um oficial subalterno que fazia parte da guarnição do Mondego é neto de um filho da minha escola e esteve connosco no almoço do passado dia 3 do corrente mês, em Fátima. Por solidariedade com os camaradas, talvez ele se abstenha ou vote num adversário do almirante.

E dando um salto de Portugal até à Turquia, tenho-me fartado de rir com as opiniões de tudo que é comentador sobre o que faz e o que pensa o Trump e o Putin. Ontem, voltei a ouvir o comunista Agostinho Costa (general do exército tuga) a debitar barbaridades sobre o Zelensky, a Ucrânia e todos aqueles que não podem com o seu amigo Putin. Que a guerra não vai parar, ou que só parará quando as tropas invasoras chegarem à Transnístria, avisou ele como se estivesse ao corrente das ideias do inquilino do Kremlin.

A esta hora, em Istambul, estão os enviados de Putin, de Trump e mais alguns que não terão voz activa neste assunto a desbobinar os seus discursos e alinhavar o relatório que levarão aos deus chefes, pois, a sério, muito a sério nada poderão fazer para ajudar na resolução desta pendência. Isso será coisa para os 3 grandes do momento, Trump, Putin e Jimping, decidirem no segredo dos seus gabinetes e depois de contabilizados os ganhos e perdas de cada possível solução.

O Putin quer pôr a NATO em cheque a qualquer custo, o Trump é capaz de alinhar nisso para poupar uns dólares e o chinês terá menos um adversário a atrapalhar na questão da Ilha Formosa que quer anexar à China continental, o mais depressa possível.

A UE que deveria ter um papel principal neste caso foi chutada para canto e não sei se terá o seu futuro garantido. Talvez dando gás na hipótese de o Reino Unido reverter o processo do Brexit, venha a ganhar alguma importância e assim mostre ao Trump que a EUROPA é suficientemente grande e importante para não precisar da protecção dos Estados Unidos da América.




quinta-feira, 15 de maio de 2025

A Manuela e a avó Ruas!

 O Valter foi, na Marinha, um dos meus amigos mais chegados. Andámos sempre juntos até ao meu regresso à Metrópole e ele ter decidido ficar em Moçambique como civil. Nunca soube o que foi a sua vida, em Lourenço Marques, enquanto lá viveu. O Barbosa era um amigo comum e também lá decidiu ficar, por causa de uma rapariga indiana por quem andava embeiçado. Acredito que foi ele a muleta que ajudou o Valter a entrar na vida civil, coisa completamente nova para ele, pois muito novo fora internado na "Fragata" e daí passou para a Marinha que abandonou, em Março de 1968.

Agora, ambos são já defuntos e não me adianta fazer conjecturas sobre o que terá sido a sua vida nesses anos, antes da independência de Moçambique, quando fizeram a mala e regressaram à terra que os viu nascer. O Valter era natural de Sines e para lá se dirigiram os dois amigos, já divorciados das mulheres que os tinham feito abandonar a Marinha para se casar com elas.

O Barbosa tinha começado a trabalhar como oculista, em Lourenço Marques, e foi no que se meteu, mal chegou a Sines. Ele abriu uma empresa e não sei se chegou a ter o Valter como empregado, o que sei é que passado algum tempo abriram, em sociedade, um restaurante para garantir um emprego e meios de vida ao Valter. Os dois amigos juntos como sócios de um negócio em que um era o sócio trabalhista e o outro, de cabeça mais assente, era o sócio capitalista. Eu juraria que o Barbosa nunca tirou rendimento daquele negócio, além da amizade eterna do Valter.

Este preâmbulo foi para vos colocar por dentro da nossa vida (do Barbosa, do Valter e minha) que após uma comissão de serviço em Moçambique, embarcámos no Infante D. Henrique para regressar à Escola de Fuzileiros e frequentarmos o curso que nos daria o direito de ser promovidos a "marinheiros" (éramos ainda grumetes) e entrar nos quadros permanentes da Armada.

Viajava connosco a avó Ruas, enfermeira reformada, que era de Sines e conhecia o Valter e a sua família, seus conterrâneos. Com a avó Ruas viajava também uma senhora - de ascendência indiana - e as suas duas filhas, ambas de menor idade. A mais velha dessas duas meninas tinha 16 anos e alguns meses e não passava pela cabeça da mãe deixá-la namorar, mas o amigo Valter deitou-lhe o olho e nunca mais a largou. Com a desculpa de passar o tempo com a avó, passavam o tempo a jogar canasta ou crapaud, ia-se encostando à rapariga tentando trazê-la para o seu terreno.

Ao fim de uns quantos dias de viagem, o Valter aproximou-se de mim segredando-me: - ela não gosta de mim e pelos seus comentários acho que ela gosta é de ti, por isso dá um passo em frente e faz-te ao bife. E lá fui eu ocupar o lugar dele na mesa da canasta e tirar a limpo o que ele me tinha dito sobre a Manuela, era esse o nome da jovem que, nascida em Lourenço Marques, vinha para Portugal para continuar aqui os seus estudos.

Na nossa viagem de regresso parámos em Luanda, depois nas Ilhas Canárias e também na Madeira e em cada uma destas paragens fui eu o cicerone, acompanhante, daquele grupo de senhoras e meninas que me viam como: para a avó eu era um neto querido, para a mãe um inimigo que lhe andava a desencaminhar a filha, para a irmã mais velha um primeiro teste à vida de namorada que ainda não conhecia e para a mais nova uma espécie de herói de quem nunca mais se queria separar.

Enfim, chegámos a Lisboa e cada um seguiu o seu destino. Eu fui para Vale de Zebro, onde passei os 6 meses seguintes, a avó para Sines, para junto dos seus familiares e a senhora mais as duas filhas para Aveiro, onde ficaram a viver, em casa de uma família amiga. Eu tinha trocado dois ou três beijos fugazes (envergonhados) com a Manuela e prometemos ficar a corresponder-nos, coisa que fizemos até eu a ter visitado, em vésperas de regressar a Moçambique.

A família com quem ficaram a morar era composta pela mãe, pelo seu marido e 3 filhas, sendo a mais velha, uma verdadeira fera de 18 anos de idade, filha de um casamento anterior da sua mãe. Nas nossas andanças por Aveiro, ela apresentou-me o seu namorado (o Chico) e percebi logo que ele era do tipo capacho que ela gostava de espezinhar a cada passo.

Percebi que ela tinha engraçado comigo e decidido roubar-me à amiga vinda de Lourença Marques. Não me consigo meter na cabeça de uma rapariga de 18 anos, mas parece-me que o fez por puro espírito de competição, para provar que era melhor que a outra que não passava de uma criança sem experiência e lhe conseguia roubar o namorado. Passei uns momentos engraçados com aquelas miúdas, a irmã mais nova agarrava-se ao meu braço e não me deixava ir para lado nenhum, enquanto a amiga fazia os possíveis por não deixar a Manuela aproximar-se de mim.

Fiquei a corresponder-me com a Manuela e a frequentar a casa da avó Ruas, em Lourenço Marques, para onde ela voltou depois das merecidas férias na Metrópole. Fui sempre sabendo notícias das irmãs Santos (era esse o apelido da Manuela) e da família que as acolhia, em Aveiro. Não tinha qualquer futuro aquele nosso namoro, mas a avó perguntava-me sempre: - então, como vai o romance com a Nela?

Não foi a lado nenhum, como era de prever. Quando regressei à Metrópole, comprei uma bela mota (uma BSA de 250 Cm3) e um dia meti-me a caminho de Aveiro para visitar aquela gente. A mãe da Manuela fuzilava-me com os olhos, uma vez que a filha, agora com 19 anos, podia roer a corda e fugir do seu controlo. Mas a filha que tinha no seu curso a primeira e maior prioridade não deu muito gás ao nosso namoro.

E foi a última vez que a vi. Quem voltei a encontrar, em circunstâncias muito especiais, foi a fera da sua amiga que era cabeleireira de profissão e viera trabalhar para o Porto. Mas isso é uma outra história e bem escabrosa que não sei se algum dia terei a coragem necessária para a contar nas minhas memórias.

Avó Ruas, a mais alta das 3 senhoras

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Coisas que nos tocam de perto!

 O Zé Colmeia (chamo assim ao José Gomes Ferreira da SIC por me fazer lembrar essa personagem da Banda Desenhada do Brasil) disse, ontem, uma coisa que nos deve fazer pensar. Os empregados da CP, cuja greve terminará hoje, ganham entre 1,5 a 2 vezes mais do que aqueles que deixaram à espera nas estações dos Caminhos de Ferro de Portugal (porque não CFP em vez de CP?). Acredito que ele sabe do que fala, embora às vezes exagere e, por conseguinte, esta greve não tem razão de ser, a menos que queiram que o governo lhes reduza o ordenado para dar um aumento aos que ganham muito menos que eles.

 Aliás, a CP não é exemplo único, a maioria dos funcionários públicos enferma do mesmo mal. E isso prova que o governo é fraco a negociar os salários do seu pessoal - vejam o que acontece no sector privado, onde cada cêntimo é regateado até ao fim - e os sindicatos só se preocupam com as greves desse sector, por razões meramente políticas. Hão-de ganhar grande coisa com esta greve, vejam os resultados do PCP no próximo domingo, e a Intersindical, um dia destes e não muito longínquo, terá o mesmo destino. Quem precisa de comunismo e comunistas?

O pobre do Zelensky já partiu para a Turquia para mostrar que é melhor e mais confiável que o seu homólogo do país vizinho. Vai para a capital, participar numa reunião da NATO, enquanto o encontro com os russos será em Istambul. Em duas horas estarei lá, se o Putin se dignar aparecer, o que ninguém acredita, afirma o presidente da Ucrânia. E eu também não acredito que o russo mais falado nos últimos tempos vá aparecer. Ele corre grandes riscos cada vez que sai da sua toca, no Kremlin.


O nosso amigo Trump anda lá pelas Arábias a fazer aquilo que lhe convém. Dólares e petrodólares a mudar de mãos, armas e munições para fazer a alegria dos americanos e azar de quem levar com elas em cima, judeus, muçulmanos ou qualquer outro filho de Deus. Recebe de prenda um aviãozito de 350 milhões, oferecido pelos amigos e protectores do Hammas, coisa que muito irrita aqueles que continuam a lutar pela libertação dos reféns israelitas.

E mantém-se, relativamente, perto de Istambul, se houver necessidade de dar lá um pulinho para ajudar os amigos em dificuldades. O que ninguém conseguiu ainda compreender é se ele pende mais para o lado de Putin ou de Zelensky. Ele só pensa no negócio e inclinar-se-á para o lado que for mais vantajoso. Ele não sente com o coração, mas sim com o bolso, onde guarda a carteira. Quem a fizer inchar mais, mais amigo é.

E a campanha eleitoral? Está cada vez mais na mesma, tirando o abanão que aconteceu, ontem, durante o discurso de André Ventura. Ele é humano e, portanto, não admira que tenha sentido o efeito dos esforços da campanha que para ele já dura, há meses. O Montenegro e o Pedro Nuno até podem ganhar as eleições, mas vão ter o CHEGA sempre à perna, dure o governo quanto durar. Não haverá lei que não tenha que passar por um sim ou abstenção do André Ventura, o que fará do próximo governo uma verdadeira anedota.

Em Israel soam as sirenes de alarme aéreo, os iemenitas, pagos pelos ayatolas do Irão, bombardeiam o país dos judeus, cuja existência eles não aceitam. Já não bastava o Hammas da Palestina e o Helzbollah do Líbano para dar cabo da cabeça ao Netanyahu. A libertação do refém americano deve ter-lhe feito ferver o sangue ao ver que os reféns israelitas não mereceram a mesma atenção e já prometeu, mais uma vez, que vai arrasar o que ainda está em pé, na Faixa de Gaza.

E neste assunto, eu só não percebo porque os palestinianos que nada têm a ver com o Hammas não se revoltam e obrigam os guerrilheiros da fita verde a entregar os reféns para acabar com o seu sofrimento. Tantas mortes, tanta desgraça, tanta fome, tanto sofrimento e ainda não perceberam que são eles os prejudicados pela actuação do Hammas? Então, toca a encostar os gajos à parede e fazê-los acabar com esta loucura! 

terça-feira, 13 de maio de 2025

Comentar o comentário!

A partir do momento que se soube que o número de imigrantes atingiu os 2 milhões - alto e pára o baile!!! Não é preciso 'ter muito esperto nos cabeça' para chegar à conclusão que a Pátria está em perigo. Senão vejamos: Se deixar entrar 2M de imigrantes com uma cultura totalmente oposta à nossa é uma invasão, deixarem vir o agregado familiar é SIMPLESMENTE O FIM!!! Em 9 meses teremos 4 milhões de hindostanicos e passaremos rapidamente a uma minoria no nosso próprio país. Com 9 milhões de portugueses a sobrevivência entre milhões de estrangeiros será um pesadelo. Pensar continua a ser de borla e espero que pelos menos os portugueses saibam como são tratadas as minorias cristãs nos paises muçulmanos. Estas Eleições são diferentes. Desta vez basta um X no clube errado para desgraçar a vida dos filhos e netos e autorizar a destruição da nossa cultura.

Mouraria

No século XII, a Mouraria surgiu em Lisboa como um bairro para a população muçulmana que permaneceu na cidade após a conquista cristã de 1147 por D. Afonso Henriques. O bairro, que ficava fora das muralhas, tornou-se um espaço onde os muçulmanos poderiam viver e praticar a sua fé, separadamente do resto da população cristã.

Poço do Borratém

Só para que conste, o comentário acima foi escrito por um filho da escola de fuzileiros que já viu muito mundo e hoje mora em Sidney/Austrália. Mais novo que eu alguns anos, mas com uma experiência de vida que vai muito para lá da minha, sou obrigado a respeitar as opiniões que ele expressa nos seus comentários, mesmo que elas não sejam coincidentes com as minhas.

Mas neste caso estou plenamente de acordo com ele, o que está prestes a acontecer em Lisboa já aconteceu noutros lados, embora talvez por razões ligeiramente diferentes. Refiro-me, em particular, à França, onde a população muçulmana se aproxima rapidamente dos 50% dos habitantes. A França colonizou, durante séculos, uma grande parte dos países africanos a norte do equador e entende-se que eles como cidadãos franceses pudessem escolher o local em que preferiam viver.

Tal e qual como Portugal se encheu de negros oriundos das nossas possessões africanas, começando pela Guiné e Cabo Verde, devido à miséria que ali grassava, e continuando depois com Angola e Moçambique, em que muita gente não se revia nos regimes políticos pós-independência. E 50 anos passados sobre essa data continuam a procurar aqui o caminho para uma vida melhor.

Mas os africanos são muito diferentes dos asiáticos (e não apenas na cor) e conseguem com muito maior facilidade "entrar" no nosso modo de vida. No Brasil, Portugal fez daquilo um mundo de mulatos e a mesma coisa poderá acontecer, agora, aqui, por influência dos africanos que cá escolheram viver.

Os asiáticos, não só, mas também por causa da religião que professam não têm grande qualquer apetência para se misturar connosco. Lembro-me de, em Moçambique, oferecermos talheres aos indígenas para os ensinar e obrigar a abandonar o costume de comerem com as mãos. A grande maioria dos asiáticos come com as mãos e não faz a menor questão de abandonar esse costume. A comida não lhes sabe a nada se não for enfiada na boca com os dedos que lambem, depois de o fazer.

Daí eu levar muito a sério o aviso do Valdemar, se não elegermos um governo que "tenha mão na coisa", não sei onde iremos parar. Não quero ver Portugal fazer um retrocesso civilizacional e descer ao nível do que se vive na Ásia, ou até nas nossas antigas colónias africanas, onde a modernização ainda não penetrou no país profundo, devido à influência negativa de Moscovo.

No di 18 de Maio votem todos e votem no partido certo!!!

N.B. - A imagem do Poço do Borratém foi aqui inserida para lembrar um comentário anterior, sobre o mesmo tema!

segunda-feira, 12 de maio de 2025

As eleições!

 Estamos na recta final das legislativas e eu ainda não abri a boca para falar bem, ou mal, de qualquer um dos candidatos. Com muita pena minha vai ficar tudo na mesma, ou seja, ingovernável. Com os dois da frente quase empatados e os pequenos a merecer, cada vez menos, o apoio do povo, só nos resta apostar numa solução que possa neutralizar qualquer hipótese de abuso dos dois grandes.

E a solução é o Chega de André Ventura, pois os que se lhe seguem, Rui Rocha e Rui Tavares, não tem peso suficiente para contrariar a acção do PSD ou PS, assim por esta ordem, no que concerne à aprovação de qualquer projecto-lei no Parlamento. O Chega sim, se mantiver um número de deputados semelhante ao da legislação anterior, coisa em que acredito, piamente, pois com 50 votos obrigará os dois "grandes" a entender-se ou nenhuma lei passará.

A preparação do Orçamento de Estado para 2026 será a prova de fogo e dar-nos-á uma perspectiva do que serão os próximos 12 meses de actuação do novo governo. Mesmo que o PR se decidisse por um governo sem os dois líderes maioritários - iniciativa presidencial - obrigaria a que o André Ventura se abstivesse de votar contra, pois acordo parlamentar entre o Montenegro e o Pedro Nuno nunca será possível.

Congregar mais votos na IL poderia dar uma ajuda à AD, mas não acredito num resultado que somando os dois dê uma maioria. É uma aposta pouco fiável e que já está a minar a convivência do PSD com o CDS. A AD teria que garantir pelo menos 100 deputados e a IL 16 para conseguirem a maioria e qualquer destes dois números me parece difícil de alcançar.

Ou seja, estamos de volta ao André Ventura que terá o poder de bloquear qualquer iniciativa quer venha da esquerda ou da direita. Se isso é bom ou mau, nem eu que tenho grande poder inventivo, consigo dizer. Estamos todos nas mãos dele e o melhor é dar-lhe graxa para que nos defenda, o melhor que souber e puder, das ganâncias dos socialistas e/ou sociais-democratas que só pensam nos seus tachos. Os deles próprios, dos amigos e família.

As sondagens que as televisões nos têm mostrado todos os dias são pouco credíveis e parecem estar a promover uma vitória da AD, o que acredito possa acontecer, mas não com os valores que nos mostram. Ao porem a hipótese de a AD ultrapassar os 40% e o PS a não chegar aos 30% deixam cair a máscara da sua actuação em favor de um dos lados. Nas últimas eleições houve apenas um deputado de diferença, em favor do PSD, este ano acredito que possa haver de 5 ou 6, mas não mais que isso.

Que ganhe o melhor e que esse não se esqueça dos pobres que os ricos já estão a salvo de qualquer desgraça!

domingo, 11 de maio de 2025

Muita coisa mudou!

 É verdade, dois dias ausente do meu "computas" e muita coisa mudou na minha vida. Minha e dos outros, se falamos dos católicos, já temos Papa e chama-se Leão XIV, Leo em Latim que é curto e fácil de pronunciar e se falamos dos benfiquistas, como eu, já aconteceu o jogo com o rival de Alvalade e não conseguimos ganhar. Agora estão os leões mais bem colocados do que nós para serem campeões. Mas, enquanto se respira há ainda vida e a possibilidade de um milagre.

O Benfica até pode ganhar ao Braga com uma goleada, visto que com a derrota deles, ontem, não tem nada mais a ganhar e o Guimarães pode armar-se em forte contra o Sporting e arrancar um empate. Isso chegaria para nós irmos festejar para o Marquês, mas o melhor que tenho a fazer é abstrair-me disso e pensar noutras coisas menos enervantes.

N minha publicação anterior falei de armas brancas, mas esqueci-me de falar nos 4 métodos principais para levar a cabo uma agressão. A mais ligeira e que causa menos prejuízo para a saúde dos contendores é a agressão a soco e pontapé, aquela que pode ter acontecido, ontem, entre adeptos dos dois clubes grandes de Lisboa, mas ainda nada vi nas notícias.

A segunda e que aconteceu em Setúbal, como referi, é a agressão com arma branca, em que um, ou os dois contendores empunham uma arma branca, navalha, punhal, estilete ou faca de mato e tentam furar a pele do inimigo. Sim disse inimigo e disse bem, pois quem tenta furar o corpo de outro semelhante, amigo é que não é.

A terceira versão da história é a preferida de tipos como o presidente da Rússia ainda ontem, pela meia noite, hora de Portugal, anunciou que queria um cessar fogo e negociações a começar na quinta-feira, em Istambul, mas antes de o sol nascer já estava a bombardear a capital da Ucrânia. A agressão com arma de fogo causa, se o atirador tiver um mínimo de qualidade, a morte do mais infeliz ou cuja pontaria não é, suficientemente, afinada.

O novo Papa talvez possa dar uma ajuda na guerra, guiando os dois antagonistas, Putin e Trump (que não Zelensky que é um mero figurante neste filme) a encontrar o caminho da concórdia. Ambos ganham muito dinheiro com a indústria das armas, à custa daqueles que dão ao gatilho e perdem a vida sem qualquer propósito que os beneficie, directamente. Eles que procurem outro modo de ganhar dinheiro sem sacrificar a vida de inocentes.

Na quinta-feira passada fui ver a minha equipa médica e de enfermagem, no Centro de Saúde, e confirmaram-me que não tenho nada a mais nem a menos que um respeitável ancião de 81 anos mereça. Os órgãos principais, cérebro, coração, fígado e rins, funcionam ainda de modo satisfatório e, a breva trecho, não se esperam surpresas.

Na sexta-feira fui almoçar com dois irmãos, melhor dizendo, um irmão e uma irmã, para manter o hábito de confraternizar com a família e não passar anos sem os ver, como acontece a alguns amigos que conheço. Esses só se reúnem para se despedir quando um deles morre. Esse tipo de convivência eu dispenso, melhor é à volta da mesa com um prato e um copo cheios na frente dos olhos.

E viva o velho!!! 

Foto da net com gente anónima

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Facas ou navalhas?

 Em Setúbal, houve bronca entre adeptos do Benfica e do Sporting. Foi uma espécie de treino para o que pode acontecer amanhã!

Os jornalistas que deram a notícia e mostraram a vítima com um "furito" nas costas, falaram em agressão com faca. Para mim, uma faca é um instrumento de cozinha que serve para cortar os bifes, ou outras coisas relacionadas com a culinária, mas que ninguém leva num bolso para a rua. Com certeza tratava-se de um punhal, uma faca de mato ou, mais provavelmente, uma navalha daquelas que dobram ao meio e é fácil levar no bolso de qualquer peça de roupa.


O famoso canivete suíço


A faca de mato

A faca de cozinha

A navalha

O punhal

Deixo-vos aqui várias imagens para que percebam o que quero dizer. Não acredito que o adepto que "picou" as costas do sportinguista tivesse usado uma faca de cozinha ou uma faca de mato, portanto não era uma faca. O punhal ou o canivete suíço não são assim tão comuns e, por conseguinte, resta-nos a hipótese da navalha que eu acredito foi a arma usada.

Que será que os jornalistas, armados em repórteres de rua terão contra a navalha? Já nos velhos tempos das rixas do Bairro Alto, princípios do Século XX, era essa a arma usada pelos rufias que puxavam dela por dá cá aquela palha, em especial se havia mulher em disputa. Não me custa imaginar o Chico do cachené, boémio e fadista, de navalha no bolso para se defender se a coisa desse para o torto.

Agora, faca não, essa é uma arma das mulheres que lhes serve para atacar as carnes e os legumes que metem para a panela e fazem o nosso deleite. Essa fica em casa, numa gaveta!

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Estou à espera!

 À espera que saia o fumo branco, não tenho ideia nenhuma do que publicar hoje. Aliás, também não tenho muito tempo para o fazer, pois estou em vias de sair de casa para ir comprar comida para o Nero. Ele veio pedir asilo, há já 8 anos, e eu prometi que tratava dele até um de nós dois partir desta vida descontente. E quero cumprir a minha promessa.

Como só ligo o computador uma vez por dia, numa sessão que dura das 9 às 11 horas, já cá não voltarei hoje, portanto contentem-se com este bicho que agora já pesa quase 40 Kgs e é um medricas de primeira. Tem medo de tudo, desde foguetes à trovoada e com uma dentuça daquelas bem podia meter medo a muita gente. A cada pessoa que entra aqui em casa, seja conhecida ou desconhecida, dá-lhe a sua bola e pede para que a chutem para longe que ele quer é correr atrás dela!

quarta-feira, 7 de maio de 2025

1º dia do conclave!

 Não sei se este assunto se enquadra no espírito deste meu blog, mas tenho publicado de tudo, desde coisas o mais pessoais possível, até larachas sem sentido e passando por poesia, futebol, guerra colonial e outras "trivialidades" que mereceram o meu reparo. Por isso mesmo ... aqui fica para quem quiser ler.

Começou a votação e, ainda hoje, sairá fumo da chaminé montada na Capela Sistina, só não sabemos de que cor.
Nunca foi eleito um Papa no 1º dia de votação.
O nosso representante mais bem colocado è o Cardeal Tolentino de Mendonça.
Garantem (não sei baseado em quê) que o novo Papa não escolherá o nome de Francisco.
Dizem que Francisco só há (houve) um e é inimitável.
Há quem queira um africano ou asiático, só porque nunca houve um vindo desses lados.
Dos outros nossos 3 representantes digo que um é muito novo, o outro mal-encarado e o último muito "cinzento".
Antigamente eram quase todos italianos, agora é quase pecado pensar nisso.
Afinal qual é a prioridade na checking-list para ser escolhido para governar o Vaticano?
O Papa é o representante de Deus na Terra, tem que ser alguém muito especial e aqueles 133 cardeais reunidos na Capela Sistina deveriam receber um sinal vindo do céu para acertarem na escolha.
Eu que me considero um católico não praticante (por culpa dos membros do Clero que me decepcionaram) não tenho voto na matéria e limitar-me-ei a aceitar quem vier.
Depois e segundo a sua actuação lhe colarei um rótulo.
A mim toca-me escolher entre o Pedro Nuno, o Luís, o André ou o Rui (os outros não contam para mim) e já não é tarefa fácil, pois cada um deles tem defeitos q.b.
Bem, alegrem-se, não sofram por coisas sem importância, pois a vida já é difícil que chegue!

terça-feira, 6 de maio de 2025

Alemanha a marcar passo!

O líder da CDU falhou a eleição para chanceler da Alemanha na primeira votação parlamentar que servia para o confirmar como novo líder do governo. Friedrich Merz não conseguiu maioria entre os partidos, no que está a ser visto como um revés inesperado para a coligação de centro com os sociais-democratas do SPD.

"O deputado Friedrich Merz não conseguiu reunir a maior de pelo menos 316 votos", anunciou a presidente do Bundestag, Julia Klöckner, assim que foram conhecidos os resultados.

A reunião plenária foi de imediato interrompida e os grupos parlamentares vão agora reunir-se, não se sabendo ainda uma data para a segunda votação, sendo que o jornal Frankfurter Allgemeine avança que não será esta terça-feira. Trata-se da primeira vez que um cenário destes acontece.


Entrei na Escola de Fuzileiros, exactamente no dia em que completei 18 anos de idade. Já não era uma criança, à luz da lei actual seria um maior de idade e responsável pelos meus actos. Havia, entre os camaradas que me acompanharam nessa aventura, quem não tivesse ainda completado os 17 anos (recordo, em particular, o Ladeira que os completou em Setembro de 62, quando já tínhamos jurado bandeira) e eram portanto os bebés da 1ª Companhia da nossa recruta.

O referido Ladeira foi um dos que compareceu ao nosso almoço do passado sábado, em Fátima. Ele, tal como eu, o Alturas, o Filipe e o Verde pertencíamos ao 2º Pelotão, o do Sargento Bicho, o melhor de todos e era composto por metade voluntários e outra metade recrutados. Talvez por isso, juntando a maturidade de uns à pouca idade e experiência da vida de outros fosse a chave do sucesso.

Salvo erro eram 36 os formandos entregues à chefia do Sargento Manuel Bicho (que se reformou como 1º Tenente) e foram mais que suficientes para lhe pôr a cabeça em água. A primeira coisa que nos ensinou foi "formar a 4", ou seja dividir o pelotão em 4 secções de 9 homens. A segunda e que deu origem a muitos "calduços", foi  a famosa ordem de "pela direita, perfilar". E a seguir aprender a marchar e marcar passo.

Marcar passo foi o que aconteceu, ontem, no Parlamento Alemão, mas foi também o que me trouxe aqui para vos explicar mais uma fase da vida dos fuzileiros. Isto não é só almoços-convívio, encher a pança e cara alegre, foi preciso muito para chegar aí. Para marcar passo, como deve ser, é preciso fazê-lo com energia, levantar os joelhos até a perna fazer um ângulo recto com a coxa e balançar os braços até à altura do ombro.

O Sargento Pinto que faleceu já lá vão alguns anos, era um desses meus camaradas do «Pelotão do Bicho». Foi o cabo dos trabalhos para ele aprender a marcar passo e balançar os braços de acordo com o movimento das pernas, pé direito para a frente, braço direito para trás. Ele fazia-o sempre ao contrário e parecia que ia a guiar uma bicicleta ao fazê-lo dessa maneira. Por isso, ganhou a alcunha de "Lambreta" que o acompanhou até morrer.

Na Marinha, pelo menos no tempo em que lá estive era assim, usávamos «Botas de Atanado» com a farda de alumínio, «Botas de Borracha» com o Fato Macaco e sapatos pretos com a farda de gala. Isto para dizer que de tanto marchar e marcar passo, às ordens do Bicho, as solas de couro de boi mal aguentaram até ao Juramento de Bandeira. Pouco depois disso, fui para Moçambique e nunca mais vi o Bicho nem marquei passo. Foi uma fase da minha vida que ficou para trás, mas nunca esqueceu, podia aqui contar mil e uma histórias e experiências vividas nesses curtos 6 meses.

Mas foi o senhor Friederich Merz que aqui me trouxe e tenho que terminar esta minha publicação falando dele. Muito pedalou ele na vida para alcançar a Senhora Merkel, mas foi preciso ela ir para a reforma para ele conseguir ser visto e indiciado como chanceler da Alemanha. O seu azar foi que não tendo a maioria dos votos necessários teve que ficar sujeito à votação dos partidos coligados com o seu. E alguém, desses partidos, roeu a corda e não aprovou a sua nomeação, pelo que terá que esperar por uma segunda ronda e veremos se passa.

Mau para a Alemanha e mau para todos nós, os europeus, que precisamos de uma Alemanha forte a liderar a economia da UE. Falta-nos dar esse passo e "esperar" que o Reino Unido decida regressar ao seio da UE para sermos uma verdadeira referência no mundo, emparelhados com a China, os Estados Unidos, o Japão e o Mercosul, cada um com a sua especificidade, mas todos na frente da economia mundial.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

O Gil a assustar os leões!

 O Gil jogou muito bem, ontem, em Alvalade! O treinador ensinou aos jogadores um método de neutralizar o terrível goleador do Sporting, Gyokeres, e eles conseguiram-no. Depois, aquele penalty caído do céu pô-los a ganhar por 1 a 0 até aos 80 minutos e os leões, interiormente já estavam a preparar-se para aceitar a derrota.

Aí, o treinador do Sporting resolveu mexer na equipa e ela ganhou outro fôlego. Sem saberem muito bem como eles marcaram um golo. Escondido atrás de um defesa o jogador do Sporting apanhou uma bola que ia a passar ali, esticou a perna e deu-lhe um chuto, o melhor que sabia. A bola tanto poderia ter ido para a linha lateral ou para a bancada, mas foi direitinha para dentro da baliza do Sporting, o guarda-redes nem tempo teve de reagir. Um golo de sorte aos 80 minutos e picos de jogo.

E com esse golo os leões ganharam novo ânimo e começaram a bombardear a baliza dos barcelenses. Bola para cá, bola para lá, todos a tentarem descobrir um buraco na baliza onde o guarda-redes não chegasse, mas ele ia apanhando todas e devolvendo para fora da área. De repente uma dessas bolas veio parar mesmo ao jeito do pé do jovem Quaresma que chutou com quantas forças tinha e ela, como que por milagre, passou pelo meio das pernas de todos os jogadores que estavam dentro da área e aninhou-se nas redes do Gil Vicente. Outro golo de sorte, quanto já todos contavam com um empate e um ponto para cada lado.

Se isso tivesse acontecido, o Sporting iria disputar o jogo do próximo fim de semana, com o Glorioso SLB, debaixo de enorme pressão, pois teria que, obrigatoriamente, ganhar para não ver o título por um canudo. Assim vão os dois para dentro de campo com os mesmos pontos e aquele que quiser ser campeão terá que mostrar o que vale dentro das 4 linhas. Só espero que tenhamos uma boa arbitragem e não haja ajudas de fora, nem para águias nem para leões.

O que ganhar pode ir a correr até ao Marquês e começar a festa. Embora cada um tenha ainda um jogo para fazer e o do Benfica não se afigura nada fácil. Mas não vale a pena sofrer por antecipação, quando lá chegarmos, logo veremos. Esta minha publicação era apenas para dar os parabéns à equipa e ao treinador do clube de que sou sócio, pois estar a ganhar ao Sporting até para lá dos 80 minutos, no covil dos leões, é obra de grande mérito.

Viva o Gil Vicente e Barcelos também!!!

domingo, 4 de maio de 2025

Dia atribulado!

 Chuva da grossa para atrapalhar os nossos planos, atrasos imprevistos a fazer-me a cabeça em água e a idade a pesar demais  em alguns dos filhos da minha escola. Foi impossível seguir o plano inicial de nos encontrarmos no terreiro da Basílica de Fátima, daí em diante começaram os problemas. Mas, felizmente, acabou tudo bem com o almoço a começar meia hora mais tarde.

E, como diz o ditado, tudo está bem, quando acaba bem. Éramos poucos, mas nem sempre a quantidade é sinónimo de qualidade, assim posso dizer estiveram lá, comigo, os melhores!




Como, hoje, não estou para grandes conversas finalizo com duas fotos dos meus camaradas da Companhia 2, a primeira Unidade de Fuzileiros, em Moçambique. Com mais ou menos mazelas, encostados à mulher ou a uma filha, de bengala ou andarilho, eles cumpriram o dever de responder à chamada!

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Epílogo!

 Tenho que conseguir meter nesta publicação o resto da história, até à minha baixa da Marinha, em 20 de Maio de 1968. Não me posso esticar muito que o espaço é curto e as peripécias muitas.

No primeiro trimestre de 1967 tive uma crise de paludismo que deixou rastos, até hoje. Juntando a isso mais umas mazelas antigas, consegui convencer o bonzão do Dr. Magalhães a enviar-me para Nampula, onde havia um hospital muito mais a sério que o de Vila Cabral. Apanhei boleia no Dakota que nos vinha trazer os mantimentos, de 15 em 15 dias, e lá parti eu para umas verdadeiras férias de 60 dias. Nem por encomenda arranjaria melhor!

Encostado ao muro da nossa base, tinha acantonado uma Companhia do Exército e eu fiz amizade com um rapaz que era condutor-auto. Andava sempre na estrada, entre Metangula e Nova Coimbra, onde estava uma das outras companhias do mesmo batalhão. Soube, quando regressei que tinha sido baleado 5 vezes, durante uma dessas viagens, mas não morrera. Pedi muitas vezes notícias dele, mas ninguém sabia dizer se tinha morrido ou escapado. Acabei por saber o resto da história dele aqui no blog, através de um colega dele que decidiu contar a sua experiência de guerra.

Em Nampula passei uns dias em beleza, houve tempo para frequentar a piscina do Ferroviário, lugar onde pontuavam todas as meninas-bem da cidade, a maior parte filhas de militares que ali prestavam serviço. Ali conheci o fadista Valdemar Vigário que um dia me convidou para o acompanhar numa serenata que foi fazer à filha do comandante. Com essa ainda te lixas, Valdemar. disse-lhe eu, mas a catraia não veio à janela, nem o pai veio mostrar o seu mau-feitio e nós com a garganta seca das cantorias desandámos para a cervejaria mais próxima.

Não havia ainda qualquer instalação da Marinha, em Nampula, pelo que fiquei como hóspede da PSP que me tratou sempre com a maior deferência. Acabados os tratamentos, fiquei uns dias à espera que me arranjassem transporte para casa, mas os poucos aviões andavam sempre ocupados e nunca houve lugar para mim. Um dos polícias aconselhou-me a ir para o aeroporto e pedir boleia a cada avião que por ali passasse e se dirigisse para Vila Cabral. Assim fiz e tive a sorte de viajar num táxi aéreo que ia à capital do Niassa buscar um passageiro importante, talvez um oficial do Exército com muitos galões. A voar baixinho sobre a floresta africana foi a melhor viagem aérea de toda a minha vida.

Chegado a Vila Cabral apresentei-me ao sargento Marques (bom homem) que estava à frente do entreposto da Marinha, naquela cidade. Ele tratava de tudo o que fosse preciso, desde os abastecimentos ao correio e ainda de quem estivesse em trânsito de ou para o lago. A mim, pôs-me uma G3 na mão e disse: - amanhã parte uma coluna de abastecimentos daqui para Metangula, apresentas-te ao oficial que comanda a equipa de segurança da coluna e segues com eles.

Era uma viagem de 120 Kms, nada que fosse obstáculo para um fuzileiro treinado em todas as lides. Só que a coisa complicou-se pelo caminho, a estrada era em terra batida e, embora a estação das chuvas já tivesse passado, havia zonas alagadas nas partes mais baixas do percurso e ao fim de 3 dias de viagem ainda não tínhamos chegado a meio caminho. A coluna era composta por uma auto-metralhadora, uma Berliet e ainda o jipe do oficial que comandava a coluna, além de 30 camiões civis carregados até "ao pescoço" de tudo o que era mercadoria. No primeiro charco, onde caímos, demorámos um dia e meio a atravessar os 30 camiões para o outro lado.

No dia seguinte, chegámos a Maniamba e foi um descanso. A convivência com o pessoal ali desterrado, umas cervejas fresquinhas e qualquer coisa de comer que não fosse ração de combate era o suficiente para fazer daquele momento uma festa. O pior veio depois dessa paragem, estávamos a menos de 30 Kms do lago e esperava-se que o resto do caminho fosse um passeio.

Nada mais errado, a primeira ponte (em madeira) que cruzava um ribeiro de pouca largura tinha sido dinamitada pelo inimigo. Tentámos reconstruí-la mas faltavam as ferramentas para o fazer. Com umas tábuas que sobraram da velha ponte conseguimos criar uma pista para passar a Berliet para o outro lado. A ideia era rebocar os camiões, um por um, mas os condutores civis recusaram-se a fazê-lo. Depois tentámos atravessar o riacho, empilhando todo o tipo de arbustos e pedras para fazer um lastro por onde os camiões pudessem passar sem ficar atolados. No fim de todo o nosso esforço, só a Berliet conseguiu passar.

O dia aproximava-se do fim e o comandante da coluna decidiu que ficaríamos ali acampados até receber ajuda de uma Companhia de Engenharia que estava em Nova Coimbra. Se os turras tinham dinamitado a ponte podiam andar ali por perto e podiam atacar-nos durante a noite, portanto todo o cuidado era pouco para não sofrer um desgosto. Mas o perigo veio de outro lado, para ajudar a engolir os duros biscoitos da ração de combate era precisa água e pessoal dirigiu-se ao ribeiro para ver se conseguia encher o cantil. Ao lado da ponte, havia uma séria de pedras que formavam uma espécie de escadaria até à água.

O primeiro a subir àquelas pedras foi um rapaz alentejano, soldado atirador, que fez detonar uma mina que os turras tinham encaixado entre as pedras com o intuito de apanhar na ratoeira quem viesse reparar a ponte. Ficou com as pernas todas estraçalhadas pelo cascalho que a explosão gerou. Eu que estava relativamente perto fui atirado pelos ares, com a explosão, mas aterrei entre o capim sem um arranhão.

Já estava escuro para pedir o envio de um helicóptero e o rapaz morreria esvaído em sangue se não o tirássemos dali. Entretanto, tinha-se aproximado do local uma patrulha da tal Companhia de Engenharia que ouvira as comunicações via rádio do oficial com os seus chefes em Vila Cabral. Depois de uma breve conferência com eles, foi sugerido que metessem o ferido em cima do Hunimog, sobre uns colchões de ar que alguém tirara não sei de onde, e correr até Metangula, onde os nossos serviços médicos poderiam fazer algo por ele.

Na altura de decidir quem haveria de ir com ele, eu ofereci-me como voluntário. Era arriscadíssimo se fôssemos emboscados por algum grupo de turras ou pisássemos alguma mina, mas eu preferia tudo a ficar ali empancado, até a ponte ser reparada e os camiões seguirem o seu caminho. E correu tudo bem, ao fim uma louca correria por aquela estrada de má memória, entrámos pelo portão da Base Naval que estava escancarado à nossa espera e entregámos o ferido aos cuidados do Dr. Magalhães e do Sargento enfermeiro Santos que era o melhor com que podíamos contar naquele canto esquecido do mundo civilizado.

Depois deste atribulado regresso da minha estadia em Nampula, seguiram-se uns calmíssimos 6 meses até ao regresso da Companhia à capital. Como eu já estava desajustado das tarefas do dia-a-dia da minha Companhia, nomearam-me Mestre de uma pequena lancha de recreio que lá havia e servia para ir passear os oficiais e suas digníssimas famílias, ao domingo Mas deixavam-me sempre em terra, quando isso acontecia, a excepção era quando a razão da viagem era treinar os dotes de pesca de cada um e me lavavam com eles para segurar no leme, enquanto pescavam.

Pouco antes do Natal, mandaram-nos fazer a mala e preparar para a viagem de regresso. Não me recordo de nada acerca dessa viagem, o que me faz crer que correu do modo mais pacífico que se possa imaginar. O habitual era uma viagem no Nord Atlas da FAP, rumo a Lourenço Marques com escala na Beira e deve ter sido isso que se passou.

A uns curtos 3 meses de regressar à Metrópole, mal houve tempo para visitar as esquecidas namoradas e fazer companhia às amigas bifas que vinham sempre para a praia do Miramar, nas férias de Natal. Como tinha substituído a minha mais antiga girlfriend Isabel por uma mais jovenzita Verónica (que me deixou meio assarapantado) e ela não veio nessas férias do Natal de 1967, tive que reatar relações com a Isabelita (e cara alegre).

Nesses entretantos o (peixe) Garoupa pregou-me um desgosto dos grandes. Estava para sair à ordem a nossa promoção a Cabos e ele condecorou-me com 15 dias de prisão disciplinar agravada que, me deixaram incurso no Artigo 62º do RDM que, precisamente, prevê que não mais poderia ser promovido ou reconduzido, obrigando à minha baixa compulsiva, apenas pisasse a Metrópole.

Ainda passei uns dois mesitos sossegado, na Escola de Fuzileiros, até que a papelada desse a volta e a minha baixa saísse à Ordem do Dia. Nesse período de tempo, nomearam-me «Chefe do refeitório» e pelo menos não tive que fazer parte da Escala de Serviço, livrando-me dos serviços de guarda de que ninguém gostava. Aliás, nesse aspecto considero-me um privilegiado, como estive quase sempre em regime escolar, safei-me desses serviços. Se bem me lembro, fiz uma guarda no Corpo de Marinheiros, enquanto esperava transporte para Moçambique, em 1962.

E assim, após o dia 20 de Maio de 1968, disse adeus à Marinha e aos marinheiros, até que, em 2002, me voltaram a chamar para participar nos convívios anuais do meu recrutamento. Depois decidi organizar, eu mesmo, os convívios da minha CF2 e esquecer os do recrutamento em que participavam poucos fuzileiros que não se reviam naquela "malta" da Escola de Alunos Marinheiros. Os fuzileiros são uma tropa à parte e só se sentem bem entre eles, os que passaram pela Escola de Fuzileiros de Vale de Zebro!

  




quinta-feira, 1 de maio de 2025

O peixe Garoupa!

Estive para não mencionar o nome do bicho, não fosse eu irritar alguém, mas como ele já foi fazer as contas com o S. Pedro, faz anos, acho que não fará mal nenhum dizer o nome do meu 2º Comandante, Carlos Rosa Garoupa, filho do Major Rosa Garoupa que foi preso, em 1975, por estar ligado ao golpe do Spínola de 11 de Março.

Depois de uns 10 dias com o braço direito "em talas" para curar a ferida da bala e tirar os poucos pontos que foram precisos para unir as pontas da pele por onde a bala saiu, o braço foi engessado e andei a carregar essa cruz quase dois meses. Usufrui da vantagem de estar livre de todo o serviço e "em especial" de fazer continência aos graúdos com quem me cruzava.

O comandante de uma Unidade de Marinha, como era a minha, tem um poder punitivo muito limitado, só pode aplicar, como pena máxima os 15 dias de prisão disciplinar agravada a que eu tive direito, um pouco antes de regressar a Portugal. Mas isso é outra história e fica reservada para o último capítulo desta saga. Por essa razão, o meu comandante fez uma participação ao Comandante Naval de Moçambique, esperando que no mínimo ele me condenasse a 30 dias no Forte da Xefina.

Em alternativa, podia até mandar-me de volta à Metrópole para cumprir uma pena mais alargado no Forte de Elvas ou no Presídio de Santarém, não seria o primeiro. Mas os dias foram correndo e nada de decisão do Comando Naval. Depois de tirar o gesso do braço, eu era levado todos os dias, de manhã, ao hospital para fazer fisioterapia e assim se passaram meses.

Eu era amigo de um rapaz civil que era familiar do 2º Comandante Naval, um oficial general que funcionava como adjunto do Almirante que era o manda-chuva para todos os assuntos de Marinha, em Moçambique. Sabendo que o meu processo andava lá pelas gavetas da Secretaria, pedi-lhe que falasse com o primo para ver se ele podia fazer alguma coisa para me aliviar a pena. Através dele, soube depois que o meu comandante de Companhia tinha lá ido várias vezes perguntar pelo andamento do processo.

Depois daquele grão de areia que eu meti na engrenagem, a última vez que o comandante perguntou pelo processo levou uma fraca resposta. Não precisa de estar a correr para aqui por causa disso, quando o castigo sair vem publicado na Ordem do Dia. E até hoje, ninguém mais soube o que aconteceu àquele processo, ficou a descansar no fundo da gaveta daquele "primo" até a minha Companhia regressar a casa. Se calhar só a Frelimo deu com ele, quando tomaram conta do país, e foi para a fogueira como todo o resto da documentação do tempo colonial.

E assim chegamos ao mês de Setembro de 1966 e a Companhia recebeu ordens para rumar a norte e render a Companhia 6 (a do famoso Tenente Patrício) que estava em fim de comissão. Eu, armado em forte, fui ao gabinete do comandante e perguntei se ia ficar na capital, pois não acabara ainda as sessões de fisioterapia receitadas. Nada disso, vais connosco e vais ver como, em pouco tempo, o teu braço estica e volta à posição natural com o peso da G3 que vais passar a usar com mais frequência.

E lá fui eu com eles todos para o Niassa, embarcados à pressa e sem preparação no navio Império que tinha chegado de Lisboa e desembarcara meia dúzia de gatos pingados do Exército com destino ao Quartel General. Como tivemos que dormir no convés ou nos corredores dos camarotes de 2ª Classe, em que viajavam os sargentos e furriéis, armámos logo zaragata com a desculpa que sendo da Marinha nós tínhamos prioridade sobre os "magalas". O comandante veio falar co os revoltosos, quase de certeza ansiando por ver-me à frente deles, mas bateu com o nariz na porta, pois eu escondi-me no camarote em que seguia um furriel que eu conheci, em Lourenço Marques, por via de namoros. Eram duas irmãs, uma namorava com ele, a outra comigo.

Depois da curta viagem marítima ficámos em Nacala, perto de 20 dias à espera que houvesse um Nord Atlas livre para nos levar a Metangula. Como isso não fosse possível e tínhamos uma calendário a cumprir, fomos embarcados no famoso «Comboio do Catur» para atravessar meio Moçambique e chegar ao Lago Niassa. Foi uma viagem épica, avisaram-nos para estar a toques com os turras, pois a seguir a Nampula, ou Nova Freixo como último limite, tudo podia acontecer. Desde morteiradas, bazucadas ou rajadas de metralhadora tudo era possível que nos atingisse.

Felizmente, nada disso aconteceu, foi uma viagem sossegada, passámos a noite em Belém, estação já próxima do Catur (fim de linha) e por volta das 6 horas da manhã o comboio retomou a marcha e levou-nos ao Catur, onde mudámos para uma coluna de Berliets do Exército que nos levaram até Meponda. Já não recordo com exactidão, mas acho que só os sub-tenentes, comandantes de pelotão, viajaram connosco, a maralha com mais galões deve ter ido de avião para Vila Cabral, onde também era preciso render o sargento Quartel-Mestre que chefiava aquele entreposto da Marinha.

Eu já era um velho conhecido, em Metangula, tinha de lá saído no fim de Janeiro de 1965, para vir à Escola de Fuzileiros fazer o curso para ser promovido a Marinheiro, mas o movimento que ali encontrei era, totalmente, novo. A velhinha Castor lá continuava com a sua tripulação de 6 homens, mas já tinha a companhia de duas lanchas maiores, se não me engano a Marte e a Mercúrio e, pelo menos, uma LDM e uma LDP. Os 150 homens do Comandante Patrício já tinham partido, mas estava lá um DFE completo (80 homens).

Muitas histórias, muitas aventuras eu podia relatar daquele ano e picos que passei ali, mas basta dizer que foi um tempo pacífico. Nunca me vi obrigado a disparar a arma contra fosse quem fosse. Se dei alguns tiros foi mais para afugentar macacos ou derrubar algum fruto a que não chegava com as mãos. O meu comandante, a quem gostávamos de chamar Peixe Garoupa, nunca se arriscou a ir para o mato connosco, pois podia alguma bala perdida esbarrar-se com o seu corpo.